Relatos de um homem que não sabia amar

Quando criança eu cantava: “Qual é o doce mais doce que o doce de batata doce?”. Na adolescência já não cantava mais. Mas, quando te conheci descobri uma nova versão: “Qual é o doce mais doce que o seu veneno?”. Ainda não sei a resposta e não pesquisei sobre. Pra quê vou querer saber de outro doce, se é o teu veneno doce que eu mais gosto? Agora, quando o assunto é salgado… Deliro só de lembrar teu suor na minha língua. Dá água na boca! É engraçado como viajo em cada parte do teu corpo e o quanto não sei nada sobre a parte de dentro. Já mapeei todos os seus detalhes, decorei seus sotaques e aprendi sua posição predileta, que mais te dá prazer. Sei muito sobre você e já posso fazer até um tutorial, eu acho. A única coisa que me falta aprender é como entrar em você sem ser pelo ventre ou pela boca… Aquilo que você me explicou uma vez, o tal de amor, sabe?

Andei pesquisando sobre e achei bem interessante. Quem tem, não quer vender. Quem perdeu, não quer de volta. E quem acabou de encontrar, não sabe como usar. Você me disse que eu me encaixo no último… Mas, cadê? Não estou vendo nada. Como encontrei? Então, pesquisei: “Como identificar o amor” e “Como saber se realmente encontrou o amor”. Achei um monte daqueles sites de fofocas com enquetes, testes e eteceteras. Sabe aqueles sites cheios de tons rosa, de gurias? Então… Acho que só as mulheres conseguem encontrar esse lance de amor ou os homens não gostam de divulgar na net um caminho das pedras para outros o encontrar.

Está difícil… Realmente quero encontrá-lo, mas não sei como e você que diz já o ter encontrado, não quer me dizer o que fazer. Aquilo que disse sobre fechar os olhos e senti-lo, não faz e não fez sentido. Muito menos aquele de te abraçar ou ficar um tempo longe, que aí o encontraria. Mas quando te abraço, revejo aqueles detalhes que mapeei e te exploro por dentro… Da boca e do ventre, não do jeito que você quer. Quando passo um tempo longe, eu só consigo pensar em beber e assistir Two and a Halfman o dia todo. Comprei todas as temporadas em alta definição. E cadê o tal do amor? Se nem o Charlie sabe me dizer, como eu vou saber? Por que não acaba logo com essa minha agonia e me diz onde compro esse diabo? Diz-me com todas as palavras onde eu o encontrarei? Chega de enigmas!

Então te vejo chorando, dizendo que não aguenta mais… Que vai partir sem mim e espera que um dia eu aprenda amar, mesmo que não seja tão intenso quanto seu amor por mim. Não queria mais me ver, pediu pra que eu não te procurasse mais e esquecesse tudo que vivemos juntos. Não entendi nada, mas deixei. Afinal de contas, quando um não quer, dois não brigam. Daí, meses depois me pego desesperado andando para um lado e para o outro da casa, te ligando inúmeras vezes e nada de você atender… Às vezes sorrindo ao lembrar momentos que passamos juntos… Às vezes passando na frente do seu trabalho de propósito, só pra ver se vai me ver e bater aquela saudade. Tentei até mapear outros corpos, decorar outros sotaques e aprender novas posições prediletas. Mas nenhum corpo era tão bom de aventurar-se quanto o seu… Nenhum sotaque era tão gostoso quanto o seu… E nenhuma das posições era tão boa quanto a sua.

Hoje me peguei chorando após passar na frente do teu trabalho e ver-te aos beijos com outro cara… Chegando agora em casa, que fui descobrir que o amor… É uma coisa que a gente aprende depois que perde.

3 pensamentos sobre “Relatos de um homem que não sabia amar

  1. Adorei!

    Perder um amor, pode ser muito cruel. Mas pelo menos, isso nos deixa mais ligados pro caso de termos a sorte de encontrar ele de novo, na mesma pessoa ou em outra…

  2. Posso dizer que esse relato poderia ser também de uma mulher que não sabia amar… e quando descobrimos que amor “é uma coisa que a gente aprende depois que perde”, dói muito!

    Parabéns… fascinada por seus textos 😉

    bjkitas

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